29/03/10


Embrulhada nos livros, novos & velhos, que preenchem aquele armário, (re)descobri as histórias de que mais gostava quando era pequena, e apeteceram-mas todas. Estava envolvida por pilhas e pilhas de volumes, grossos & finos, espalhadas pelo chão, criando uma espécie de cópia daquele ambiente austero, abafado, misterioso, nostálgico, que sentimos ao entrar no covil de um alfarrabista decrépito. Ao fundo do armário dos livros, uma pequena aranha construíra a sua vasta e intrincada rede de fios semi-transparentes, entre dois altos edifícios de livros empilhados; matei-a e destruí a sua obra-prima. Nunca tive um amor especial por aranhas - são demasiado arrepiantes e parecem de outro mundo -, muito menos quando se metem com os meus queridos livros. Contudo, parece que sobre morcegos não posso dizer o mesmo (que não gosto deles, isto é), pois encontrei 5 recortados em cartolina preta, escondidos entre as páginas de um pequeno livrinho, cujo nome, de tão pouco importante, nem retive. Irritou-me a mente humana. Irritou-me profundamente não me lembrar de nada acerca daqueles morceguitos espalmados; ainda mais me irritou querer relembrar o argumento de alguns dos meus livros predilectos de mais nova, e não conseguir. Apeteceu-me queimá-los, juro que apeteceu; porém, separei-os dos outros e prometi a mim mesma que os releria. E então fiz uma lista, uma longa lista de 72 livros a ler, que descansa agora no meu moleskine. E queres saber uma coisa? Um já o li, e já comecei outro. Tudo ontem, tudo ontem.
Não sei quando foi que perdi aquele hábito, aquele gosto de ler sempre antes de adormecer. Mas ele vai voltar, ai vai vai.

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