31/03/10

houve arrepios na espinha o dia inteiro, e sabes que odeio clichés, mas a verdade é que nós não somos como os outros.

30/03/10


hoje tudo me cheira a ti. eu cheiro a ti, e não estou habituada a ser tão feliz, sabes?
não quero voltar a ficar sozinha.


(as fotografias, para ser sincera, nem sei porque as pus aqui, foi apenas um momento de diversão, cosê-las. as que gosto mais são as duas últimas.
e a música é a que me acompanhou por todo o dia de hoje, quando cá não estavas. ouve o refrão, está?)

29/03/10


eu juro que não foi de propósito, mas não resisti.
  • já concluí dois dos muitos itens da lista "coisas a fazer estas férias da páscoa";
  • hoje vou escrever um texto do amor;
  • estou muito feliz porque encontrei um pacote com 10 papelinhos da polaroid;
  • estou cheia de medo que ela não funcione;
  • está a chover;
  • recebi uma maravilhosa quantia pela páscoa;
  • acho que estou terrivelmente viciada em fazer listas.

Embrulhada nos livros, novos & velhos, que preenchem aquele armário, (re)descobri as histórias de que mais gostava quando era pequena, e apeteceram-mas todas. Estava envolvida por pilhas e pilhas de volumes, grossos & finos, espalhadas pelo chão, criando uma espécie de cópia daquele ambiente austero, abafado, misterioso, nostálgico, que sentimos ao entrar no covil de um alfarrabista decrépito. Ao fundo do armário dos livros, uma pequena aranha construíra a sua vasta e intrincada rede de fios semi-transparentes, entre dois altos edifícios de livros empilhados; matei-a e destruí a sua obra-prima. Nunca tive um amor especial por aranhas - são demasiado arrepiantes e parecem de outro mundo -, muito menos quando se metem com os meus queridos livros. Contudo, parece que sobre morcegos não posso dizer o mesmo (que não gosto deles, isto é), pois encontrei 5 recortados em cartolina preta, escondidos entre as páginas de um pequeno livrinho, cujo nome, de tão pouco importante, nem retive. Irritou-me a mente humana. Irritou-me profundamente não me lembrar de nada acerca daqueles morceguitos espalmados; ainda mais me irritou querer relembrar o argumento de alguns dos meus livros predilectos de mais nova, e não conseguir. Apeteceu-me queimá-los, juro que apeteceu; porém, separei-os dos outros e prometi a mim mesma que os releria. E então fiz uma lista, uma longa lista de 72 livros a ler, que descansa agora no meu moleskine. E queres saber uma coisa? Um já o li, e já comecei outro. Tudo ontem, tudo ontem.
Não sei quando foi que perdi aquele hábito, aquele gosto de ler sempre antes de adormecer. Mas ele vai voltar, ai vai vai.

27/03/10

estou indecisa: couve-flor ou repolho?

26/03/10

as farpas no joelho são sempre por uma boa causa, meu amor.

24/03/10


foi uma boa visita de estudo,
deu para me divertir.

23/03/10

e não é quando estou sozinha que me sinto só, não.
é quando estou rodeada de pessoas.

22/03/10

Tenho dois tipos de sonhos: aqueles que parecem tão reais que, quando acordo, o meu cérebro se enche de dúvidas sobre qual dos dois mundos é a realidade, e aqueles que parecem filmes que se desenrolam numa tela de cinema, como se eu estivesse sentadinha a desfrutar de um filme que eu própria protagonizava, bem ciente que ele nada mais era que pura ficção.
O sonho de há umas noites foi do primeiro tipo. Não me lembro dele como um todo, mas os flashes que retive permanecem tão vívidos na minha memória como se se tratassem de recordações realmente experimentadas. Há uma imagem em particular que teima em me perseguir; uma imagem tão negra, e, ao mesmo tempo, tão clara. Às vezes, quando fecho os olhos, vejo ainda a minha mão lívida e rude segurando aquele simples punhal, vejo-a a cravá-lo no peito de pessoas desconhecidas com rostos em branco e vejo o sangue a sair das feridas em jorros vibrantes. Chamo-lhe sangue apenas por ser isso que é suposto correr nas artérias e veias dos homens, pois o fluido que empapava as roupas e inundava a calçada gelada era tudo menos isso. De um castanho-acinzentado opaco, espesso e povoado de espuma pútrida, aquele “sangue” não era nada mais nada menos que lodo, libertando um odor pestilento a decomposição. E as grandes feridas que quase expunham os vermelhos órgãos pulsantes daquela gente eram, na verdade, canos de esgoto, escoando a podridão para fora daquelas conchas.
Nesse sonho, eu sentia-me uma heroína: estava a livrar o mundo das pessoas-esgotos! Porém, ao mesmo tempo, estava a sujá-lo, a encher as ruas de lodo putrefacto e nauseabundos corpos vazios. Se calhar, eu é que estava a estragar tudo – quando o sujo estava escondido nos seus invólucros, apenas incomodava os possuidores do poder, da perspicácia para o detectar; depois de eu o tentar “limpar”, inundou as ruas e ficou exposto aos olhos e narizes de todos, cegos e videntes.

Este foi apenas um sonho, apenas mais um sonho que me acordou e me pôs a duvidar da existência e da nossa capacidade de distinguir a realidade da ilusão. Nada me garante que não estou agora a sonhar e aquela sim era a verdadeira existência. Nada me diz que não coexistem ambas como reais.

21/03/10

sim, estou de neura. tens algum problema com isso? e vou fechar a porta à primavera, não a quero cá, não gosto dela. não gosto mesmo nada dela.

20/03/10

hoje sentei-me em frente do computador, como todos os dias, com uma daquelas chávenas com quantidades industriais de chá verde & limão; abri o blog e li um comentário de sorrisos, depois li o que escrevi nestes últimos tempos e o que me escreveram. não sei ainda se pertenço aqui, não sei, mas comprei um moleskine do meu agrado e agora posso voltar a escrever. mas senti uma espécie de nostalgia ao reler os textos mais antigos, tão recentes!, e prometi que não vou parar de escrever. digam o que disserem. gritem-me que não escrevo um caralho, a ver se eu me importo - eu escrevo por mim.

e pretendo ler hoje à noite de enfiada aquele livro bonito, A Metamorfose. não me interessa se tenho jogo amanhã ou uma apresentação do ser e do parecer na segunda. quero fugir daqui.
vou contar-te um segredo pequenino: este está a ser o melhor inverno. não, não é lá fora, e tu sabes bem disso.

18/03/10


só não entendes
se não quiseres
.

17/03/10

férias, férias, férias
e já não era sem tempo

15/03/10


é mais fácil.
e é teu, mais do que meu.

14/03/10

Podemos ter um mundo dentro da nossa cabeça? Podemos vivê-lo só cá dentro, observar as suas paisagens bizarras com os olhos da mente, absorver o seu cheiro a flores mortas e a pinheiros e o seu sabor a água da torneira? Podemos dançar nele como quem dança à chuva enquanto ouve o repicar dos sinos que são as gotas a abaterem-se sobre esse mundo impossível? E podemos senti-lo mais intensamente que ao outro mundo sujo e cinzento-rato? Podemos?
Eram retóricas, porque eu sei que sim. Há fendas entre eles, como feridas abertas rasgadas pelas garras de um feroz predador mortífero. Podemos passar as mãos por elas e sentir o outro mundo - sentir a sua perfeição, o seu apelo - a aflorar-nos as pontas dos dedos, levemente. O novo mundo irá sugar-nos, porque o que é belo e desconhecido sempre atrai o Homem. Eu dei por mim a encontrar o belo no menos belo, ou, simplesmente, naquilo que não é tão gritante a esses olhos semi-cegos de Homem. A meus olhos, o meu mundo excêntrico tem tanto de belo como de hediondo, e é essa combinação imperfeita que o torna só  meu. Há la cascatas de água encarnada e viscosa, que corre pelos campos de erva infinita, brilhando em mil tons de rouge ao sol incandescente. Há lá isso, sim, mas os meus olhos profanos não o podem ver, pois a luz é tanta e tão pura que os cega. Eu saltei pelas fendas, mesmo não podendo ver, deixando para trás toda e qualquer circunspecção. Atirei-me de cabeça para uma maior entropia (não é esse o destino do mundo em si?), e isso é irreversível em todo o tempo. Tenho, portanto, a extensa eternidade para curar a maldita agnosia. Bem sei que me vou, aos poucos, tornar um sem-luz para o outro mundo - mas não é o que sempre fui? Porque o parecer raramente é o ser. E aqui sou ubíqua e una, porque o meu cérebro está úbere de ideias e impressões frescas.

13/03/10

prevejo uma noite terrível às voltas com o trabalho (estúpido, diga-se de passagem) de biologia.

olha a OLIVA, Beatrrriz!

09/03/10


já o queria fazer há muito tempo, mas só hoje é que precisei.

07/03/10

(...)

Então, por favor, prometes que não deixas o nada reclamar o que lhe pertence? Promete, promete, por favor. Promete que, se não o conseguires impedir, pelo menos tentas atrasá-lo. Porque eu ainda não quero partir. Ainda não. 
estou com aquela sede insaciável,
finalmente estou de volta.

(o mais estranho é que não me lembro porque parti)



05/03/10

Há lençóis pesados e uma fraqueza inexplicável que não me permite a salvação. É como um colete de forças, a minha cama - parece querer aprisionar-me para sempre. Consigo ainda observar o meu quarto, a maldita prisão não mo impede, não. Está escuro; aquela escuridão que dança, deixando entrever sombras também elas dançantes. Está uma no canto mais longínquo - e está quieta. Não dança, não. Tento focar o olhar e descobrir os contronos do vulto que jaz no chão, ao canto da divisão. Tarefa difícil. Os meus olhos teimam em desviar-se dele.
Quando finalmente adquiro a faculdade dos gatos para ver no escuro, deparo-me com duas grandes orbes pretas - dois buracos negros em miniatura. Realmente, a comparação está bem conseguida: os dois olhos parecem querer sugar-me para dentro deles, para um universo que se antevê totalmente novo e interessante. O vulto permanece um vulto, mas aqueles olhos... Um arrepio percorre-me a espinha. A sombra ergueu-se e desliza, como se fosse ela feita da matéria imaterial da escuridão, até mim. Não me consigo mexer, penso que já o disse há pouco. E só ouço o silêncio ensurdecedor.
Eis que pousa uma mão (uma mão? o que penso ser uma mão!, pois, agora que vejo, não tem dedos, nem palma, nem costas, nem nada) na minha testa. Está fria e quente, como um pedaço de gelo ardente sobre pele nua. Novo arrepio. Estremecimento. A sombra inclina-se sobre mim e atravessa-me. É tão imaterial quando o meu pensamento, dir-se-ia. Lentamente, como se fosse senhora e soberana do indomável tempo, deita-se sobre mim, em mim, dentro de mim. Desapareceu, agora, mas eu sinto-a. O vazio é o vazio. Pode o vazio encher? Sem dúvida, o vazio enche-me ainda mais. Acomodo-me nos lençóis, fecho os olhos numa tentativa de adormecer. Sei que o farei em breve. Tudo está como sempre esteve, pois a escuridão sempre fez parte de mim.

03/03/10

sinto-me emudecida, como se as palavras teimassem em não sair pela boca, uma vez mais. da ultima vez (oh, lembras-te da última vez, meu amor?) foi a primeira vez que perdi a voz, e assustei-me tanto. isso é cada vez mais frequente, agora, e o meu caderno está a acabar! que posso eu fazer, podes dizer-me? preciso de um novo, rápido, porque tenho tanta coisa para dizer...

...e não consigo, nem quero, falar.