sabes o que me irrita mais em todas aquelas obras naquela escola? não é o feia que a estão a tornar, não é o cheiro infectante nem todo o branco psicadélico, não é a terrível música de intervalo, não são os homens das obras nos seus coletes fluorescentes e irritantes, não é o barulho, não é a irritante falta de árvores e de verde, não é todo o vidro e a exposição, não é o ar de manicómio, não são os subterrâneos nem a péssima junção parte nova / parte velha, não é o longe que a porra do monobloco está da entrada nem os caminhos estranhos em que tenho a certeza que me vou perder quando estiver sozinha e não são as pessoas com máquinas bonitas e tripés apetecíveis. não. bem, talvez seja, mas apenas um pouco, aí uns 1/100 de toda a minha irritação. sabes o que é? é não poder recordar, não poder caminhar pelos corredores antigos que tresandam a passados e conversas. roubaram um pouco de nós, daquelas memórias esfumadas que tenho e que não posso reavivar porque falta sempre o pano de fundo.

e tu. tu, sim, faltas tu. faltas sempre.