Com ares de piromaníaca, ela brincou com o isqueiro nas mãos, passando-o entre os dedos com familiaridade e habilidade. De tempos a tempos, balançava as perninhas curtas no banco e acendia-o, observando concentrada a chama bruxuleando ao sabor de uma brisa inexistente. Ainda mais ocasionalmente, arriscava um dedo às labaredas, retirando-o antes de poder doer. Era uma brincadeira estimulante, que proporcionava a excitação da quase-dor. Sonhou com fogos de verão, daqueles em que as suas queridas chamas era maiores que ela própria. E depois voltou a casa, sabendo que no dia seguinte voltaria a ocupar aquele banco, talvez queimando um pedaço de papel, para aspirar esse odor reconfortante que pairaria no ar.
(18.07.2010)
Fiquei apaixonada por este conjunto de palavras "ao sabor de uma brisa inexistente". Está perfeito(:
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