28/07/10

Monochrome Noir - Day Twenty-Seven


Com ares de piromaníaca, ela brincou com o isqueiro nas mãos, passando-o entre os dedos com familiaridade e habilidade. De tempos a tempos, balançava as perninhas curtas no banco e acendia-o, observando concentrada a chama bruxuleando ao sabor de uma brisa inexistente. Ainda mais ocasionalmente, arriscava um dedo às labaredas, retirando-o antes de poder doer. Era uma brincadeira estimulante, que proporcionava a excitação da quase-dor. Sonhou com fogos de verão, daqueles em que as suas queridas chamas era maiores que ela própria. E depois voltou a casa, sabendo que no dia seguinte voltaria a ocupar aquele banco, talvez queimando um pedaço de papel, para aspirar esse odor reconfortante que pairaria no ar.

(18.07.2010)

1 comentário:

  1. Fiquei apaixonada por este conjunto de palavras "ao sabor de uma brisa inexistente". Está perfeito(:

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