24/08/10

Monochrome Noir - Day Twenty-Nine


Via o desfile de almas penadas no telhado, no mais completo silêncio. Sem mexer sequer um cabelo. Elas não davam por mim, seguiam em frente, em fila. Estava um frio sobrenatural e cheirava a lírios, nem eu sei porquê. Repentinamente, um dos vultos vira o seu rosto – sem olhos, nariz ou boca, um rosto em branco – para mim, e olha-me fixamente. Como pode olhar sem ter olhos? Não sei, mas eu senti-o. Mordi o lábio. A alma penada sorriu – mais uma vez, um sorriso que se sente, mas não se vê – e continuou o seu percurso. Afinal podia ter nascido sem rosto.

(20.07.2010)

2 comentários: