03/09/10

Monochrome Noir - Day Forty-Five


Sentei-me no telhado um pouco a medo, com toda a circunspecção que um telhado de um terceiro andar (e meio) deve despertar numa pessoa sã. Descobrira há não muito tempo que ainda tinha muito para viver, já não era capaz de saltar pelo telhado sem medo de cair e esborrachar-me nas pedras do chão, lá em baixo. Como seria se uma criancinha visse o meu corpo desfigurado, tentando infiltrar-se na terra? Mancharia uma outra vida, não pode ser. Respirei fundo quando a enxurrada de pensamentos macabros acabou de passar pela minha mente, também ela com bastantes laivos tétricos. Olhei o Sol a afundar-se no horizonte, pintando o céu de uma insuportável tonalidade encarnada. Lembrou-me uma senhora qualquer que vi na televisão, que corava muito. Quantos litros de sangue temos no corpo?

(05.08.2010)

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