Uma noiva aguardava, paciente, na borda do mais alto penhasco da região. Lá em baixo, as ondas lambiam lascivamente a rocha, com um murmúrio incompreensível. Aparentemente, a mulher-divindade percebia o cantar da água, porque respondia com um gorgolejar implacável. Toda ela estava em frenesi, no seu vestido branco-pérola; a bainha estava manchada de sangue escarlate. Seria seu? Chamaram-na debalde. O seu rosto ebúrneo não se virou; continuou fitando o ondular naquele estado hipnótico em que se encontrava. Uma gaivota rasgou o céu e grasnou. Como à espera desse sinal, a noiva mergulhou. As ondas coraram de vergonha.
(01.08.2010)
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