01/09/10

Monochrome Noir - Day Forty


O Bob Dylan cantava zangado nos phones, e eu não ouvia o doce som dos meus pés a pisar as folhas secas que cobriam o chão. As ramagens semi-nuas entrelaçavam-se em cúpula sobre as cabeças dos seres da floresta, protegendo-os ou privando-os dos elementos atmosféricos. Ao desviar-me do trilho traçado no chão, dei de caras com um homem. Alto, em boa forma, de feições comuns. Nu. Corria em círculos apertados com uma familiar expressão no rosto. Familiar, mas que não reconheci de imediato. Aclarei a garganta, dando a conhecer a minha presença. Vi a boca dele mexer, mas não percebi o que dizia. Apaguei o Bob Dylan e escutei. E o homem ladrou, ofegante: «Não consigo apanhar o meu rabo!»

(31.07.2010)

Sem comentários:

Enviar um comentário