01/09/10

Monochrome Noir - Day Thirty-Seven


O vento bateu de mansinho na porta e entrou sem uma palavra minha. Envolveu-me num rodopio de ar livre e dançámos ao som da chuva, lá fora. Era o céu que chorava, porque eu roubara o seu amante (o vento). Amámo-nos sobre a desfiada carpete da sala, em frente às bruxuleantes chamas da lareira, porque o toque dele era gelado. Arrepiei-me ao compasso do tiquetaquear do antique relógio de cuco. E depois ele passou pelo caderno que eu esquecera no topo da mesa, cheirou um pouco desse meu mundo, houve um esfolhaçar e eu murmurei um adeus desajeitado e já atrasado.

(28.07.2010)

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